Resumo 1
O que é literatura?
A literatura é uma arte que se utiliza da palavra (tanto escrita
quanto oral) como meio de expressão dos sentimentos, crenças e valores
dos seres humanos.
Assim sendo, a literatura é uma forma artística de representar a
realidade que nos cerca. Por ser uma forma artística de representação,
ela não retrata o real tal como ele é (coisa que acontece, por exemplo,
nos textos jornalísticos, científicos etc.), mas sim retrata uma
realidade criada pela visão do artista.
Realidade artística # Realidade factual
(Obras literárias, pinturas etc.) (Textos científicos, textos jornalísticos etc.)
O autor de uma obra literária é aquele que realiza um trabalho com a
linguagem visando produzir determinados efeitos sobre o leitor
utilizando-se, para isso, da forma e do conteúdo das palavras.
Toda palavra possui uma forma e um conteúdo.
Por exemplo, a palavra “amor” remete a um conteúdo (que é aquilo que a
nossa mente entende quando alguém nos fala “amor”, isto é, o significado
da palavra “amor”) e a uma forma (a palavra “amor” tem uma forma
composta por consoantes, sílabas, sons etc. que variam de idioma para
idioma). Assim, podemos dizer que um grande literato é aquele que
conhece e tem um domínio sobre a forma e o conteúdo das palavras de sua
língua.
Classificações dentro da Literatura
Dada as duas dimensões (de forma e de conteúdo) que uma palavra encerra dentro de si, os produtos da arte literária serão também classificados de 2 modos:
1) De acordo a sua forma (formas literárias): as obras literárias são escritas ou na forma de verso ou na forma de prosa.
2) De acordo ao seu conteúdo (gêneros literários): as obras
literárias podem conter uma narração sobre fatos que se ligam no tempo
(que pode ser o tempo cronológico, externo, ou tempo interno,
psicológico) e no espaço por meio da movimentação de personagens. Neste
caso, temos o gênero narrativo, onde se tem a
necessidade de um narrador dos fatos, que pode ser tanto um
personagem-narrador (que conta a história e participa dela em primeira
pessoa) ou um narrador-onisciente (que apenas narra os fatos em terceira
pessoa, sem qualquer participação naquilo que é contado). Além do mais,
as obras literárias podem conter a expressão do mundo subjetivo do EU
do “personagem”, da sua individualidade, isto é, do “Eu lírico” da obra
(que, por sua vez, não pode ser confundido com o Eu real do escritor.).
Neste caso, temos o gênero lírico. Por último, as obras literárias podem ser escritas com o objetivo de serem encenadas (teatralizadas). Neste caso, temos o gênero dramático.
Para aplicar tais classificações, analisemos a obra “O auto da barca
do inferno”, do mestre Gil Vicente. Trata-se de uma obra que tem, por
forma, o verso e, por conteúdo, o dramático (pois foi criada com o
objetivo de ser encenada). Nota-se, portanto, que cada um dos gêneros
literários pode ser escrito tanto sob a forma de verso quanto sob a
forma de prosa (ou mesmo uma mescla de ambos, como é o caso da prosa
poética).
Subdivisões dos gêneros literários
Os 3 gêneros literários (narrativo, lírico e dramático) são, por sua
vez, também subdivididos. Obtém-se, assim, em relação a cada um dos
gêneros:
Narrativo
Narrativas em verso: são chamadas de epopeias ou poemas épicos. São
longas narrativas em verso sobre assuntos grandiosos contendo
personagens do tipo heroico.
Ex: epopeia de Gilgamesh, Ilíada, Odisseia, Eneida, Os lusíadas etc.
Narrativas em prosa: são os romances, novelas, contos e fábulas. No
romance, temos uma narrativa longa, com vários personagens e várias
situações dramáticas que se entrecruzam. Em uma novela, temos uma
narrativa mais concisa e situações dramáticas que giram em torno de
apenas 1 personagem central. Já em um conto, tem-se uma narrativa
extremamente breve, de teor psicológico mais denso, personagens
complexos e apenas uma situação dramática. Por fim, temos a fábula,
composta por uma narrativa curta de cunho moral, visto que a história
contada visa transmitir uma mensagem de fundo moral. Para isso,
utiliza-se de personagens animais que encarnam os diversos tipos humanos
(por exemplo, o avarento, o ambicioso, o parcimonioso etc.).
Lírico
As obras do gênero lírico – que são aquelas em que não se conta uma
história (ao contrário do gênero narrativo) e sim há a expressão de uma a
subjetividade (os sentimentos íntimos, visão de mundo etc.) - podem de
se dar tanto na forma de versos quanto na de prosa. Um exemplo do
primeiro é o “Soneto de fidelidade”, de Vinícius de Moraes (“De tudo ao
meu amor serei atento/Antes e com tal zelo e sempre e tanto/Que mesmo em
face do maior encanto/Dele se encante mais meu pensamento”).
Dramático
Caracterizando-se pelo fato de apresentar a encenação de um texto, o
gênero dramático possui várias formas de expressão, sendo os mais
importantes:
- A tragédia (origem na Grécia antiga), onde se encenam ações que
visam despertar o terror e a piedade, tendo por fim alertar para os
perigos das paixões e dos vícios humanos.
- A comédia (origem na Grécia antiga), que objetiva criticar a sociedade e o comportamento humano por meio do riso.
- A farsa (origem no século XIV), peça teatral curta que, ao explorar
situações ridículas do cotidiano e apelar para personagens
caricaturescos e exagerados, pretende provocar o riso no espectador.
- O auto (origem também na Idade Média), peça breve geralmente feita
em verso, contendo conteúdo religioso ou profano. Caracteriza-se por
possuir um conteúdo altamente simbólico, onde os atores representam não
seres humanos específicos, mas sim entidades abstratas de caráter
religioso ou moral (a virtude, o pecado, a beatitude etc).
Obs.: também se pode usar o termo “peça dramática” como sendo
qualquer peça teatral séria em oposição a uma comédia propriamente
dita.
Os estilos artísticos
Embora cada um dos autores tenha sua própria originalidade e
singularidade, eles carregam entre si similitudes que permitem
classificá-los naquilo que se denomina “estilo de época”, isto é, o
estilo literário que predomina num determinado período histórico. Além
do mais, a publicação de uma obra extremamente inovadora ou mesmo um
fato histórico que repercute em toda a cultura de uma época podem servir
de ponto de partida para a consolidação de novos estilos artísticos
diversos daquele que predomina em determina sociedade. Com relação à
literatura brasileira, seu estudo exige também o estudo da literatura
portuguesa, dado os laços de dependência histórico- culturais entre os
dois povos.
Quadro cronológico dos estilos artísticos
PORTUGAL BRASIL
Trovadorismo (1189-1434)
Humanismo (1434-1527) Literatura informativa (1500-1600)
Classicismo (1527-1580)
Barroco (1580-1756) Barroco (1600-1768)
Arcadismo (1756-1825) Arcadismo (1768-1836)
Romantismo (1825-1865) Romantismo (1836-1881)
Realismo (1865-1890) Realismo/Naturalismo (1881-1893)
Simbolismo (1890-1915) Simbolismo (1893-1922)
Modernismo (1915 em diante) Modernismo (1922-1945)
Pós-modernismo (1945 em diante)
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